segunda-feira, novembro 08, 2010

Policarpo e a doutrina do inferno: um texto que toda Testemunha de Jeová deveria conhecer


Nós gostamos muito de ler textos dos e sobre os Pais da Igreja, grande homens de Deus que vieram após os apóstolos e participaram ativamente no desenvolvimento da igreja nos primeiros séculos. Uma das coisas legais sobre os Pais da Igreja é que podemos encontrar todos os versículos do Novo Testamento por citações em suas obras, com exceção de 11 versículos. Isso atesta que o Novo Testamento foi escrito bem cedo na história cristã e podemos comparar os textos que temos hoje com as citações dos Pais da Igreja, permitindo perceber como temos um texto confiável em sua transmissão (contrário aos ataques que se tem feito ao Cânon).
Essa semana estava lendo “O Martírio de Policarpo”, uma carta escrita pela igreja de Esmirna para a igreja de Filomélio, um ano após a sua morte, que ocorreu em 155 d.C.
Policarpo foi descrito por Irineu como “também não somente instruído pelos apóstolos e conversou com muitos que tinha visto Cristo, mas também pelos apóstolo na Ásia, foi apontado bispo da igreja de Esmirna, que eu vi na minha juventude, pois ele ficou na terra por muito tempo e, quando estava velho, gloriosamente e muito nobremente sofreu martírio, partindo dessa vida, sempre ensinando as coisas que ele aprendeu dos apóstolos e que a Igreja transmitiu e que são verdades” Adv. Haer., III.3.4.
Policarpo foi discípulo direto do Apóstolo João e segundo alguns, nomeado bispo em Esmirna por esse.
E lendo o Martírio de Policarpo, quando lemos sobre o julgamento de Policarpo, onde ele está sendo pressionado a abandonar sua fé em Cristo, vemos o seguinte parágrafo no texto:
“Retomou o procônsul: "Tenho feras. Entregar-te-ei a elas, se não mudares de idéia". Respondeu Policarpo: "Chama-as. Não mudaremos de opinião para ir do melhor para o pior, enquanto é belo passar do mal para a justiça". E o outro: "Eu te farei domar pela fogueira, se não te importam as feras, a menos que tu mudes de idéias". E Policarpo: "Tu ameaças um fogo que queima um momento e pouco depois se apaga, porque não conheces o fogo do juízo que virá e da punição eterna reservada aos ímpios. Mas por que demoras? Faz vir o que quiseres".
Quero chamar a atenção para a parte final do parágrafo, quando Policarpo, em resposta a ameaça de ser lançado na fogueira, já que não se importa com as feras (cabra macho), diz “Tu ameaças um fogo que queima um momento e pouco depois se apaga, porque não conheces o fogo do juízo que virá e da punição eterna reservada aos ímpios”.
Ao contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová, é possível ver nesse relato que o conceito de inferno já estava presente na igreja desde o seu princípio. Policarpo diz que não se importa com o fogo que vai matá-lo, porque vai queimar um pouco e depois para. Mas esse fogo não é nada comparado ao do juízo e da punição eterna.
Existe um contraste entre o fogo que dura um pouco e o fogo do juízo que virá, que é muito pior. Mas, se a morte é o final de tudo para o ímpio, segundo a Torre de Vigia, porque alguém deveria temer o fogo do juízo? E que punição eterna é essa para o ímpio, se a morte é a única punição recebida pelo pecado, como dizem as Testemunhas de Jeová? Para eles, o salário do pecado é a morte e por isso, pagamos pelos nossos pecados quando morremos e deixamos de existir. Mas se a morte é a única punição recebida, não vai existir um fogo do juízo e nem punição eterna. E é isso que alegam.
Tenho certeza que alguém deve estar pensando “peraí, por mais que Policarpo tenha sido um dos Pais da Igreja, suas palavras não são Escrituras e não estão na Bíblia”. É verdade. Mas veja como Irineu diz que Policarpo estava “sempre ensinando as coisas que ele aprendeu dos apóstolos e que a Igreja transmitiu e que são verdades”. Policarpo era discípulo de João e ensinou o que aprendeu do apóstolo e entre aquilo que Policarpo ensinou e pregou, mesmo enfrentando a morte, é que existe um fogo do juízo e uma punição eterna para o ímpio.
Se as Testemunhas de Jeová lessem os Pais da Igreja (e as Escrituras) sem as lentes distorcidas da Torre de Vigia, que são colocadas sobre elas pela leitura repetitiva das literaturas da Torre, elas rapidamente perceberiam que estão sob o perigo da punição eterna, pois acreditam em um outro Jesus que não pôde salvá-las.
Em meu próximos post sobre o inferno vou fazer uma defesa bíblica da mesma. Minha intenção com esse post é mostrar que essa doutrina sempre foi ensinada, desde o início do cristianismo.

Nenhum comentário:

Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...