domingo, novembro 27, 2011

É justo alguém ir para o inferno só porque nunca ouviu falar em Jesus Cristo? Parte 1

Eu gosto da série The Walking Dead. Conheci os quadrinhos por causa da adaptação da série para a televisão, que está sendo feita pela AMC e aqui no Brasil passa no canal Fox. Eu sei que é uma série de horror sobre zumbis, mas eu gosto de acompanhar histórias sobre pessoas tentando sobreviver. Semana passada saiu o episódio 91 nos Estados Unidos. E pelo jeito tem reviravolta chegando em Alexandria (essa última frase foi só para aqueles que estão acompanhando os quadrinhos).
Como tudo pode virar assunto teológico em um blog sobre cristianismo, leiam abaixo uma página do quadrinho. Acho que podemos aprender algo aqui. Mas antes, vamos ambientar a cena. Temos dois sobreviventes conversando. Um é Eugene, que se apresenta como cientista. É o cético nessa discussão. O outro personagem é o Padre Gabriel, um ministro religioso (não dá pra saber se católico ou anglicano) e em teoria deveria representar a visão cristã de mundo. Os dois estão caminhando pela floresta, procurando por comida ou madeira e começam a conversar.

Essa é uma conversa fictícia mas eu tenho certeza que muitas pessoas já tiveram essa conversa ou já pensaram sobre essas coisas. Talvez esse seja um tipo de empecilho para que alguns se cheguem até a fé cristã. Como disse Eugene, se essas questões fossem resolvidas ou então por que Deus “não pode aparecer um dia no céu e dizer “me idolatrem? Isso eu poderia aceitar”. Vamos responder a tudo isso (incluindo esse último comentário sobre “aparições no céu”).

Apesar de ser uma dúvida comum entre muitos, mesmo entre cristãos, a questão toda tem uma resposta simples dentro do cristianismo. Muita gente acha que não, mas isso é mais um reflexo da forma como muitos encaram o cristianismo, como uma crença mítica sem fundamento, ao invés da forma como o cristianismo é apresentado nas Escrituras, uma fé histórica fundamentada em evidências, que se encaixa perfeitamente na forma como o mundo é.
Tudo teria sido bem mais fácil se o ministro tivesse dito “não” à primeira pergunta ao invés de responder “exatamente”. Eugene afirma perguntando se as condições para se entrar no céu são “não só fazer boas ações e não fazer más ações, assim como aceitar Jesus Cristo como seu salvador pessoal, é isso?” Não! Não é isso. Não é nada disso que o cristianismo bíblico ensina. Um pouco de teologia vai nos ajudar muito aqui.
Primeiro, nenhuma boa ação vai te levar para o céu. Nenhuma. Você pode fazer toda boa ação do mundo, mas nada disso irá te colocar um milímetro mais próximo do céu. O famoso texto de Efésios 2:8-9 assim afirma: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. A graça imerecida de Deus para nós nos permite chegar ao céu. Não são nossas obras que nos tornam aceitáveis para Deus. Até porque a própria Bíblia diz que “Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo” (Isaías 64:6) Todos os nossos bons atos, nossos atos de justiça, ficam pálidos e vazios quando são apresentados perante Deus, porque eles são apresentados por seres imundos e pecaminosos, como todos nós.
Se você acha que é uma boa pessoa, veja o que a Bíblia diz sobre isso: “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23) e também “Como está escrito: "Não há nenhum justo, nem um sequer" (Romanos 3:10). Nenhum de nós é bom. Todos nós, todos, já violamos algum dos mandamentos de Deus, ou seja já pecamos. Alguns já violaram todos e mais de uma vez. Pense, quantas vezes você já mentiu? Quantas vezes já pegou algo que não era seu? Quantas vezes você fez exatamente o contrário daquilo que deveria fazer? Todos nós já fizemos isso. E exatamente porque pecamos, não é possível que nossas boas obras possam ser usadas a nosso favor. Vou apresentar um cenário fictício. Imagine que eu tenha uma irmã e ela seja estuprada e morta por um homem. Esse homem é preso e levado a julgamento. O juiz se dirige ao criminoso e diz: “você estuprou e matou aquela jovem. O que tem a dizer em sua defesa?” Ele responde: “seu juiz, eu sei que estuprei e matei a moça. Mas eu não sou uma pessoa ruim. Eu doei milhões de reais para obras de caridade, eu ajudo todas as velhinhas da minha vizinhança a atravessar a rua, eu salvei milhares de gatinhos do alto das árvores, visito asilos, distribuo comida para os moradores de rua. Eu sei que violei a lei, mas todo mundo já violou uma vez ou outra na vida”. Pense bem, você acha que um bom juiz deveria deixar o criminoso livre? Não. Se ele é um bom juiz, ele vai aplicar justiça. E por mais boas obras que o criminoso tenha feito, nenhuma delas pode reparar os danos causados por seus crimes. Da mesma forma, por mais boas obras que fazemos, nenhuma delas pode reparar os danos causados pelo nossos pecados cometidos contra um Deus tão perfeito e santo. Ele deve aplicar justiça. É a única maneira de Ele realmente ser bom. E a justiça de um Deus eterno e totalmente santo implica uma punição à altura, que seja eterna e reflita a sua santidade. Ou seja, o inferno (Mateus 25:41). Veja que as pessoas vão para o inferno por sua própria conta, pelas suas próprias ações. É importante perceber isso. As pessoas vão para o inferno porque pecaram contra Deus.
Portanto, as boas obras em nada servem para nossa salvação. E é aí que Jesus Cristo entra.
Quando Jesus Cristo entra em cena, a punição que nós deveríamos receber pelos nossos pecados foi colocada sobre ele na cruz. Ele morreu em nosso lugar. Nosso pecados foram perdoados pela morte expiatória de Cristo. Aqueles que colocaram sua fé em Jesus Cristo receberam esse perdão. Mas isso só nos leva até um certo ponto. Estamos perdoados, livre do inferno. Mas somente a morte de Cristo não nos garantiria a entrada no paraíso. Precisamos de algo mais e esse mais também nos é dado por Jesus Cristo. Para entrar no céu, precisamos ser perfeitos (leia Apocalipse 21). Mas mesmo com nossos pecados perdoados, jamais seríamos perfeitos. Então, o que fazer? Jesus não somente morreu por nós, mas viveu uma vida perfeita, sem pecado, em nosso lugar. E para aqueles que colocarem sua fé em Jesus, a bondade de Cristo entrará como crédito para eles e poderão entrar no céu. Um dos mais lindos versículos da Bíblia traz esse ensino de forma bem explícita: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).
Mas e as boas obras? Não possuem nenhum papel nisso? Como uma vez um mórmon me disse “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta”
(Tiago 2:26). Mas esse texto não diz que somos salvos pelas obras. Temos outros textos mais claros sobre esse assunto (Efésios 2:8,9; Tito 3:4,5), o texto diz que as obras são sinais da fé. Não diz que são sua causa. Quando vamos verificar se uma pessoa inconsciente está viva ou não, procuramos pelos sinais de vida. Esses sinais são reflexo da vida, mas não são a sua causa. O pulso radial é um sinal do batimento cardíaco, mas não é a sua causa. Da mesma forma, as obras são sinais da existência da fé, mas não a sua causa. Esse é um pequeno detalhe que faz toda a diferença e diferencia o cristianismo bíblico de todas as outras seitas pseudocristãs que colocam as obras como causa da salvação de um indivíduo. Todas as religiões dizem: faça. O cristianismo bíblico diz: está feito!
Portanto, toda a caracterização que Eugene fez está errada de acordo com a Bíblia. E se o Padre Gabriel tivesse feito as correções necessárias ao comentário de Eugene, teria tido uma maior facilidade para responder a todas as outras questões.
Mas como esse primeiro texto já ficou muito grande, vou deixar você pensando sobre tudo isso e esclarecer as outras dúvidas na segunda parte desse texto.

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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